quarta-feira, fevereiro 15, 2006

2002.08.07, Roma (Parte I)

Conhecera-o nessa festa. Parecia tipo com quem se podia falar. E assim foi, os dois, sobre as vidas com filhos e sobre os sítios com vida.

E, então, directo do limbo dos desajustados, irrompeu o outro: “Ah, mas Berlim é bem melhor que Roma!”.

Aquilo não era uma provocação. Antes fosse. Era antes mais um dos peremptórios a exercer o seu direito à cabotinice. Alguém que decidira que aquela discreta troca até era merecedora do seu apport omnisciente. Na verdade, o benemérito informador teve o condão de nos desanexar da conversa. Para quê? Tudo já tinha sido dito por Ele.

Mas a cena deixou-me a pensar: o que é isto de “ser melhor”? Já não nos bastavam as Mercer e as E.I.U. a arrogarem que Vancouver, Geneva, Melbourne e Zurique são as melhores cidades para viver e visitar? E que hoje a segurança é a palavra, por isso a cidade do Luxemburgo é a mais sadia das escolhas? Para além de tudo, ainda tenho que ouvir um insonso com meio carimbo no passaporte a falar em “ser melhor”?

Desprezo estas pretensas sumidades que nos abrem as portas dos seus sossegados espíritos. Onde é que está escrito que viajar já não é pela experiência? Regressar mais rico em dias que foram bons. Mas também em dias que se complicaram.

Roma nem foi a melhor cidade que conheci na Europa. Consegue ser excessivamente quente e irritar-nos com um incansável buzinar. Só que é um sítio para gente feliz. Por isso, e até ver, Numero Uno.


P.S.: O meu veneno teria ficado guardado se Você não confessasse nunca ter ido a Roma.

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