domingo, março 12, 2006

À boleia dos faraós (2003.01.02)

No último dia no Egipto, dei por mim a pensar em dois programas que tinham escapado: dar uma volta de feluca e ir aos dervixes.

Andar de feluca não era propriamente uma aventura. Era somente encontrar num pequeno barco à vela a reclusão que já nos fazia falta e um silêncio que nunca tínhamos tido. Uma feluca no Nilo talvez desse para isso. Mas não calhou.

Já para a dança dos dervixes tudo estava combinado. Só que um voo doméstico atrasou-se e ficou tarde demais para reencontrar o invulgarmente simpático e paciente Mohamed Sempel. Ou seja, e sendo um taxista, uma autêntica vergonha para a profissão.

Levou no táxi dois estrangeiros cheios de lama e sem qualquer dinheiro no bolso. Ofereceu um cigarro quando acendeu o dele. E deu o número de telefone para o caso de virmos a precisar.

Foi tudo pela gorjeta? Provavelmente. Mas soube merecê-la. E não é fácil guardar a serenidade numa cidade onde as auto-estradas se atravessam a pé e as mudanças de direcção se assinalam com a buzina.

Em suma, este texto destina-se a aplaudir vigorosamente o sistema de transportes egípcio. E inclusive a ovacionar de pé a Egyptair, que me deixou fumar 4 cigarros no voo Cairo-Lisboa.

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