Verde no azul (C'haouen, 2003.03.01)

Fica no Norte de Marrocos e é uma terra de fantasia a que não se pode ficar estranho. Mas é terra onde as portas não se abrem para a liberdade.
Aos 26 anos, o Oued foi à procura dos dias livres e atravessou o mar até Bruxelas. Mas a vida não lhe dera esse desígnio e teve que regressar. Para a Chaouen que é azul, mas onde se entende que a relva cresce mais verde para Norte.
Se fosse uma personagem de Mackintosh-Smith, talvez dissesse que “no estrangeiro, a fortuna dar-te-á uma pátria; na pátria, a pobreza fará de ti estrangeiro”. Ou que o Magrebe não é uma janela azul para a oportunidade. Mas, aos 41 anos, apenas encolhe os ombros com resignação e deixa os olhos brilhar quando fala da Grand-Place.

Vencer o Estreito de Gibraltar é um sonho antigo. Hoje no caminho para Norte, como dantes era ao contrário. Até 1920, só três infiéis tinham percorrido todos os 100 quilómetros que separam a Europa de Chefchaouen. E apenas um sobreviveu para dizer que a relva também cresce verde para Sul.
Foi também em Chefchaouen, acompanhado daquele incrível azul que acena às janelas e acolhe nas portas, que descobri que o verde também crescia para Sul. Aí, começou a minha viagem.
Etiquetas: Africa, Escritores, Islão, Marrocos
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